O ex-presidente discursou em ato em favor da anistia.
Reuniões públicas com forte apelo político continuam a marcar o cenário brasileiro, e neste domingo, a Avenida Paulista foi palco de mais um ato com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, que voltou a expor teorias e justificativas sobre sua ausência do país após a derrota nas eleições de 2022.
Em seu discurso, atribuiu a decisão de deixar o Brasil a um “aviso divino”, sugerindo que, se tivesse permanecido, teria sido preso durante os ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, episódio que ainda reverbera no debate político e jurídico nacional.
Durante sua fala, Bolsonaro classificou a vitória do presidente Lula como resultado de um “golpe”, apontando o Judiciário como responsável por interferências no processo eleitoral.
“O golpe deles só não foi perfeito porque em 30 de dezembro eu saí do Brasil. Algo me avisou (disse, apontando para o alto) que alguma coisa ia acontecer. Se eu estivesse no Brasil, seria preso na noite de 8 de Janeiro. E estaria apodrecendo na cadeia até hoje ou até mesmo assassinado por esses mesmos que botaram esse vagabundo na Presidência”, afirmou.
O ex-presidente, que atualmente é réu por tentativa de golpe de Estado, afirmou que sua inelegibilidade decorre de ações como a reunião com embaixadores para questionar o sistema eleitoral, conduta que foi alvo de julgamento pela Justiça Eleitoral.
Essas declarações contrastam com sua nova visão sobre o Tribunal Superior Eleitoral, que, segundo ele, terá um perfil “isento” em 2026, quando o ministro Nunes Marques, indicado por Bolsonaro ao STF, deverá presidir a corte.
O ato também teve como foco a defesa de anistia aos presos pelos ataques de janeiro. Bolsonaro mencionou nomes como o do governador Ronaldo Caiado, afirmando que lideranças de direita estariam sendo alijadas do processo eleitoral.
Ele reforçou a ideia de que o Congresso Nacional deve ser o responsável por aprovar um projeto que conceda anistia, inclusive a ele próprio, apontado pela Procuradoria-Geral da República como um dos mentores da intentona golpista.
Esse episódio na Avenida Paulista demonstra que o ex-presidente segue ativo no debate político, utilizando discursos populistas e religiosos para mobilizar sua base, e aponta para uma estratégia de fortalecimento visando as eleições de 2026, mesmo diante das restrições legais que enfrenta atualmente.