Eu vi uma criança perdida no aeroporto — o que ela tinha na mochila me deixou sem palavras.

Meu voo estava atrasado e, depois de horas sentado no terminal, virando minha terceira xícara de café, tudo o que eu queria era embarcar e partir. Foi quando o vi — um garotinho, talvez de seis anos, vagando sozinho pela multidão.

Nenhum pai desesperado à vista. Ninguém chamando seu nome. Apenas ele, agarrando a mochila com força como se fosse a única coisa que lhe restasse no mundo.

Levantei-me sem pensar. Nunca fui o tipo de "bom samaritano", mas algo naquele garoto mexeu comigo. Aproximei-me com cuidado, falando baixo para não assustá-lo.

— E aí, amigo… você está bem?

Ele congelou. Por um segundo, pensei que ele fosse correr ou gritar. Mas, em vez disso, ele ficou parado ali, agarrando as alças da mochila com ainda mais força. Balançou a cabeça lentamente, com os olhos cheios de lágrimas não derramadas.

— Qual é o seu nome? — perguntei, agachando-me um pouco para encará-lo.

— Tommy — ele sussurrou, quase inaudível em meio ao barulho do aeroporto.

— Olá, Tommy. Você sabe onde seus pais estão? Talvez tenha algo na sua mochila que possa nos ajudar a encontrá-los?

Ele assentiu, abriu lentamente o zíper da bolsa e me entregou, sem dizer uma palavra. Seus olhos imploravam por ajuda, mesmo que ele estivesse com medo demais para pedir em voz alta.

Abri a mochila, esperando encontrar um cartão de embarque ou talvez um bilhete. Mas o que vi me fez congelar — uma passagem de avião amassada… com o sobrenome Harrison. Meu sobrenome.

Quase ri da coincidência. Mas então olhei para Tommy novamente. O formato do seu nariz, o queixo, os olhos — algo nele me parecia perturbadoramente familiar.

— Tommy, quem é seu pai? — perguntei gentilmente, meu coração batendo mais rápido.

— Ele está… aqui no aeroporto — respondeu calmamente.

— Você sabe o nome dele?

Ele hesitou. — Ele é meu pai — repetiu, como se isso explicasse tudo.

Não ajudou em nada. Mas meu instinto não me deixou escapar. Aquele nome, Harrison, e aquele rosto… tudo desmoronou quando um nome me atingiu como um soco: Ryan. Meu irmão. Aquele que desapareceu anos atrás sem dizer uma palavra.

Eu estava perdido em pensamentos quando Tommy puxou minha mão.

– Pai!

Virei-me e o vi — Ryan. Mais magro, mais velho, com olheiras. Mas era definitivamente ele. Ele congelou ao nos ver e começou a correr.

— Tommy! — ele gritou, envolvendo o filho num abraço antes de se virar para mim, com os olhos arregalados. — Eu… não acredito… você…

— Eu só estava tentando ajudá-lo — eu disse rigidamente, sem saber o que mais dizer.

O silêncio entre nós era denso de anos de distância, confusão e dor não resolvida. Finalmente, Ryan murmurou:

— Obrigada… Não pensei que te veria novamente.

Assenti, sentindo as emoções se acumularem no meu peito.

— Ele é… meu sobrinho?

Ryan hesitou, depois assentiu. — Sim. Ele é.

Senti como se o ar tivesse me tirado o fôlego. Ryan tinha vivido uma vida inteira sem mim. Engoli em seco.

— Eu sempre me perguntei o que aconteceu com você — eu disse, com a voz vazia.

Ele baixou o olhar. — Eu não sabia como te dizer.

Aquilo me atingiu com mais força do que eu esperava. Todo esse tempo eu pensei que ele tinha ido embora e nunca mais olhado para trás. Mas agora, percebendo que ele talvez estivesse tão perdido quanto eu… doeu de uma forma diferente.

— Você desapareceu, Ryan. Um dia você estava lá, e então… sumiu.

— Eu sei. Eu estraguei tudo. — Ele olhou para Tommy, amolecendo. — As coisas ficaram complicadas. Eu não estava pronto. Eu simplesmente corri.

Não respondi. A tensão pairou no ar até que Tommy, completamente alheio ao campo de batalha emocional entre nós, ergueu os olhos e perguntou:

— Vamos ver o tio Ethan de novo?

Ryan e eu nos entreolhamos. E, pela primeira vez, ele sorriu — só um pouquinho, mas era de verdade.

— Talvez — ele disse, olhando para mim. — Talvez possamos tentar.

Sustentei seu olhar, meu coração batendo forte com uma estranha mistura de raiva… e esperança.

— Talvez possamos — sussurrei.

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