Intimidação? Alexandre de Moraes recebe carta do governo Trump; saiba qual é o conteúdo da mensagem

Carta enviada pelo Departamento de Estado dos EUA à Moraes foi exposta pelo jornal The New York Times

Uma nova tensão diplomática veio à tona com a revelação de que o governo de Donald Trump, através de seu Departamento de Justiça, enviou uma carta oficial ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contestando medidas judiciais brasileiras que atingiram empresas com sede nos Estados Unidos.

O episódio, divulgado com exclusividade pelo jornal The New York Times, expõe um conflito crescente entre soberanias nacionais e os limites da jurisdição internacional em um mundo digital cada vez mais interconectado.

A carta, enviada no início de maio, critica duramente a decisão de Moraes de ordenar o bloqueio de contas na plataforma de vídeos Rumble, amplamente usada por influenciadores de extrema direita e sediada nos EUA.

O governo Trump argumenta que, embora as leis brasileiras possam ser aplicadas dentro do território nacional, o ministro não tem autoridade para impor ordens a empresas que operam sob a legislação americana.

O tom do documento, descrito como intimidador, acusa Moraes de ultrapassar seus poderes ao atingir cidadãos protegidos pelas normas dos Estados Unidos. A reação do governo republicano é parte de um movimento de defesa de plataformas digitais que vêm se recusando a cumprir decisões judiciais brasileiras.

Em fevereiro, Rumble foi suspensa em território nacional por determinação de Moraes, após reiteradas negativas da empresa em cooperar com a Justiça e em indicar um representante legal no Brasil.

O mesmo ocorreu anteriormente com o X (ex-Twitter), de Elon Musk, cuja resistência às ordens do STF provocou embates públicos e reações internacionais. No cerne desse impasse está a disputa entre soberania nacional e a liberdade irrestrita que grandes empresas tecnológicas reivindicam em suas operações.

Moraes, cuja atuação à frente de inquéritos contra redes de desinformação e tentativas de golpe tem sido elogiada por setores democráticos, tornou-se um alvo recorrente de líderes da extrema direita, no Brasil e no exterior.

O embate revela um cenário em que o cumprimento de legislações locais por plataformas globais se torna ponto central de tensão entre governos e poderes judiciais.

A resposta brasileira à carta ainda não foi divulgada, mas o caso promete ampliar o debate sobre os limites de atuação de autoridades judiciais diante do poder das big techs e a interferência de governos estrangeiros em decisões internas soberanas.